quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Águas de janeiro

Muito cedo de manhã. Um pássaro grita solitário parecendo chamar companheiros ausentes levados por torrentes assassinas. O tempo agora reflete uma calmaria mais próxima da imagem tímida dos que preferem os atos delicados aos ritos insanos de um poderio muitas vezes descontrolado. O silêncio momentâneo lembra o constrangimento velado de quem se excedeu nas demonstrações de tudo poder. E o discreto burburinho nas ruas quer dizer que os que ficaram permanecem construindo  seus anseios e fazendo a vida viva ser uma nova vida a viver.  

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